O câncer de intestino representa uma das principais causas de morte por câncer no Brasil, afetando anualmente milhares de famílias. Embora seja prevenível por meio de métodos diagnósticos acessíveis, como o teste de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia, a doença permanece como grande desafio para o sistema de saúde brasileiro. Em resposta a essa realidade, a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) se uniram novamente em torno da campanha nacional Março Azul, que em 2024 leva como lema Médico e paciente: uma parceria que salva vidas! Juntos na prevenção do câncer de intestino.
Pelo quarto ano, a campanha busca conscientizar profissionais de saúde, gestores e decisores políticos e pacientes sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado do câncer de intestino, visando diminuir sua incidência no País. A iniciativa enfatiza a colaboração entre o sistema de saúde e as entidades de especialidades médicas, com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar da população brasileira.
“A mensagem principal do Março Azul é mostrar a importância da prevenção do câncer de intestino. Está provado cientificamente que a remoção de pólipos adenomatosos realizada durante a colonoscopia previne e evita o surgimento do câncer de intestino. Então, mais que o diagnóstico precoce, que também é importante e salva vidas, precisamos conscientizar a população sobre a prevenção”, ressalta o presidente da SBCP, Helio Moreira.
Os principais sintomas da doença incluem alterações recentes no hábito intestinal, como diarreia ou constipação que não se resolve espontaneamente ou com medicação, presença de sangue nas fezes, cólicas abdominais persistentes, dor durante a defecação e/ou sensação de evacuação incompleta, redução do apetite que pode ou não estar acompanhada de perda de peso, e anemia.
“Por isso é fundamental estar atento a esses sinais e procurar avaliação médica para um diagnóstico precoce e tratamento adequado. Alguns pacientes podem não apresentar qualquer tipo de sintoma nas fases iniciais da doença, o que torna mais importante a utilização de exames diagnósticos como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia para diagnóstico precoce do câncer de intestino, notadamente em indivíduos com mais de 50 anos”, lembra Sergio Pessoa, presidente da FBG.
“A alta incidência do câncer de intestino segue nos desafiando a conscientizar e proteger a população de uma doença que pode ser prevenida e combatida com exames simples. Essa é uma ação que foca na proteção à saúde e à vida do brasileiro”, afirma o médico Herberth Toledo, presidente da SOBED. “Para nós, o Março Azul traduz a nossa responsabilidade com a população e com a orientação às políticas públicas. Nossa missão de contribuir para a qualidade de vida das pessoas”, justifica. Segundo ele, todas as regionais da SOBED, SBCP e FBG estão mobilizadas para disseminar a campanha e conscientizar a população em todo o País.
De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), espera-se que entre 2023 e 2025 ocorram 45.630 novos casos de câncer colorretal no Brasil, potencialmente afetando mais de 136 mil brasileiros. O Inca aponta um risco estimado de 21,10 casos por 100 mil habitantes, divididos entre 21.970 homens e 23.660 mulheres. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do DATASUS, referentes a 2020, indicam que 20.245 pessoas faleceram devido ao câncer de cólon, reto e ânus, ressaltando a urgência de ações preventivas e de conscientização.
Prevenção – Atualmente, cerca de 85% dos casos de câncer de intestino são diagnosticados em fase avançada, o que aumenta os custos com o atendimento de saúde – cirurgias, quimioterapia, radioterapia – e diminui as chances de cura para um dos tumores malignos mais frequentes e fatais no País. “Evitar a doença e, principalmente, aumentar a possibilidade de cura e de sobrevida de seus pacientes exigem diagnóstico e tratamento precoces dessa doença, com impacto positivo não apenas pela preservação de vidas, como também pela redução de custos do sistema de saúde”, destaca Marcelo Averbach, presidente do Núcleo de ações sociais da SOBED, presidente da ONG Zoé e coordenador da campanha nacional.
O tumor intestinal pode ser influenciado por diversos fatores de risco, incluindo histórico familiar de câncer, sobrepeso ou obesidade, idade igual ou superior a 50 anos, uma dieta rica em alimentos processados e carne vermelha, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, e a presença de doenças inflamatórias intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn.
A prevenção do câncer de intestino está fortemente ligada a um estilo de vida saudável, que inclui a prática regular de exercícios físicos, manutenção do peso ideal, abstenção do tabagismo e consumo moderado de bebidas alcoólicas. Além disso, é recomendável adotar uma dieta rica em verduras, frutas, legumes, farelos e cereais integrais, beber cerca de 2 litros de água por dia e limitar o consumo de carne vermelha e alimentos ultraprocessados e embutidos.
Campanha 2024 – A Campanha Março Azul 2024, dedicada à conscientização sobre o câncer de intestino, está disponível no site www.marcoazul.org.br. O portal oferece uma série de informações sobre a doença, incluindo métodos de prevenção, fatores de risco, diagnóstico e opções de tratamento. A iniciativa conta com o apoio institucional da Associação Médica Brasileira (AMB) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), além do endosso de diversas outras entidades.
Para ampliar o alcance e a visibilidade da campanha, monumentos em vários estados brasileiros serão iluminados de azul durante o mês de março, simbolizando a luta contra o câncer de intestino e incentivando a população a adotar medidas preventivas. O slogan da campanha deste ano busca transmitir uma mensagem clara sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, sublinhando a relação de confiança entre médico e paciente como fundamental para a detecção eficaz da doença.
Em edições anteriores, a campanha alcançou um público estimado em 93 milhões de pessoas em todo o País, com a participação ativa de artistas, influenciadores, times de futebol e personalidades esportivas, que ajudaram a disseminar a mensagem através de depoimentos na imprensa e nas redes sociais. Para a edição de 2024, as informações e atualizações da campanha também serão compartilhadas no Instagram, através do perfil @campanhamarcoazul.
Expedição em Óbidos – Em 2024, a campanha contará ainda com uma ação especial em Óbidos, no Pará, devido à sua baixa razão de médicos por habitantes (1,2 médico por mil habitantes) e às projeções do Inca, que indicam um aumento de 52% no número de casos de câncer colorretal entre os homens e 2,8% entre as mulheres do Norte nos próximos anos.
O município, com uma população de 52 mil habitantes, tem cerca de 7 mil pessoas na faixa etária elegível para triagem por meio do exame de sangue oculto nas fezes. Em resposta a esses desafios, a Secretaria Municipal de Saúde mobilizou Agentes Comunitários de Saúde para educar o público-alvo sobre a importância do rastreamento do câncer colorretal, incentivando a participação na campanha.
De 11 a 17 de março, médicos e enfermeiros voluntários das instituições organizadoras oferecerão atendimento aos pacientes que foram previamente rastreados, com o apoio da ONG Zoé e da LABTEST, que forneceu os testes. A escolha de Óbidos também leva em consideração as dificuldades logísticas da região, que incluem longas distâncias e dificuldades de transporte. Expedições semelhantes aconteceram nas edições anteriores da campanha, em Piranhas (AL), Pilar (AL), Belterra (PA) e Cairu (BA), onde as organizações uniram esforços para superar as barreiras e promover a saúde local.
Saiba mais sobre a campanha em https://www.marcoazul.org.br/